A desigualdade é um mal que afeta muitas áreas das sociedades, inclusive a educação. Quando se trata de Educação Infantil, isso se torna ainda mais preocupante. O desenvolvimento infantil precisa de muitos fatores alinhados para que ocorra de forma satisfatória. Por isso, é importante que a escola se atente às desigualdades em jogo no processo de ensino-aprendizagem.
Dessa forma, as realidades vividas por cada um dos alunos variam muito, ou seja, cada criança tem uma história diferente. Isso desde a sua concepção, que pode afetar seu desenvolvimento por toda a vida. Isso vai desde a ausência ou presença de um pré-natal adequado durante a gravidez, até o acesso à alimentação saudável nas fases escolares. As diferenças sociais tornam a vida acadêmica do aluno mais desafiadora, pois estas dificuldades influenciam principalmente na saúde da criança.
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Isso porque é dos 0 aos seis anos de idade que a criança mais se desenvolve. Nesta fase, estruturas e circuitos cerebrais são formados e a criança começa a criar habilidades que serão fundamentais para o processo educacional futuramente. Neste artigo, vamos entender quais são essas dificuldades e como podemos ajudar a minimizá-las em sala de aula!
Quais são os principais problemas gerados pela desigualdade no desenvolvimento infantil?
Como já falamos, a desigualdade no desenvolvimento infantil já começa na gravidez da mãe. Muitas mães não têm acesso à alimentação, cuidados e exames adequados durante o período gestacional. Isso afeta muito no desenvolvimento do bebê antes mesmo do seu nascimento, podendo gerar:
- Baixo peso ao nascer
- Prematuridade
- Retardo no crescimento
- Infecções nos dois primeiros anos de vida
Assim, esses fatores influenciam no desempenho cognitivo inadequado da criança. Além disso, a ausência de um acompanhamento adequado durante a gestação prejudica ou retarda a identificação de:
- Más formações físicas e genéticas
- Patologias cromossômicas
- Alterações sistêmicas
- Doenças cardíacas e até virais, como o HIV.
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Já num outro momento, muitas mães precisam trabalhar e dependem de creches públicas para seus filhos. Isso não é nada fácil devido à grande demanda e pouca quantidade de vagas disponíveis. Tudo isso contribui para um início desigual que afeta toda a vida escolar do aluno, gerando dificuldades para:
- Ler e interpretar
- Desenvolver raciocínio lógico
- Exercer a criatividade
Quando o aluno vivencia essas dificuldades geradas pela desigualdade no desenvolvimento infantil, problemas como evasão escolar e incapacidade de alcançar o ensino superior se tornam mais presentes na vida dos alunos mais desfavorecidos.
Assista o vídeo da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, onde Naércio Menezes Filho, professor titular da Cátedra Ruth Cardoso no Insper, fala sobre os efeitos da desigualdade no desenvolvimento infantil.
O que deve ser feito para diminuir essa desigualdade no desenvolvimento infantil?
Muitos desses problemas mencionados dependem de estímulos e investimentos governamentais para serem solucionados a longo prazo. Mas o desafio da escola é pensar formas de minimizar os efeitos destes problemas em sala de aula, fazendo sua parte para que futuramente os alunos possam perceber melhoras significativas.
Muitas vezes temos a ideia de que apenas o governo ou ações que demandam muito dinheiro que podem resolver problemas de desigualdade na sociedade. Mas pelo contrário, são pequenas ações que fazem toda a diferença.
Separamos 3 passos importantes para que a escola seja capaz de identificar desigualdades e contribuir para que este problema não comprometa completamente o desenvolvimento infantil!
1- Capacitação profissional dos professores
Professores capacitados e preparados para lidar com as desigualdades sociais na sala de aula fazem toda a diferença. Isso porque a formação profissional do professor precisa ser completa, visando a formação de indivíduos não só academicamente, mas socialmente.
Por isso, os professores precisam receber treinamentos específicos para que eles possam identificar e saber ajudar crianças em situações de vulnerabilidade social.
E como a escola pode promover essa capacitação profissional:
- Trazendo sociólogos para palestras na escola
- Promovendo cursos e workshops
- Criando debates e rodas de conversas
- Buscando pessoas com experiências diversas para trazer reflexões
2- Conscientização e preparação dos pais
A desigualdade não começa na escola, ela começa em casa. Pais de alunos com dificuldades devido à desigualdade social são muito afetados por problemas estruturais da sociedade. Por isso, não adianta apenas educar a criança e tentar minimizar estes problemas na escola, é necessário trazer as famílias para perto. Assim, a escola poderá promover uma conscientização que irá gerar benefícios enormes para o desenvolvimento infantil.
A questão é que pessoas que sofrem com vulnerabilidade social estão diariamente em sobrevivência. Não sobra muito tempo para refletir a respeito da criação dos filhos ou promover ações que ajudem no desenvolvimento escolar da criança.
Por isso, a escola pode buscar estratégias que promovam um vínculo familiar focado no desenvolvimento infantil:
- Convidando os pais para palestras com agentes sociais
- Oferecendo aulas sobre cuidados básicos de higiene e alimentação na primeira infância
- Criando um guia prático para o fácil entendimento das famílias a respeito do seu papel no desenvolvimento dos filhos
- Oferecendo repertório para que os pais saibam como promover atividades educacionais em casa
3- Entre no universo da criança para educar
Se os alunos sofrem de desigualdades, é papel do professor saber identificar esses alunos e promover uma educação diferenciada, que atenda realmente as demandas deles. Isso é essencial para que o aluno não fique inerte, apenas acompanhando a aula, mas sim, participando dela. É necessário que o educador saia da bolha e se interesse pelo universo do aluno, ou seja, onde ele vive, quais são os costumes dele, o que prende sua atenção, etc.
E como o professor pode se aprofundar no mundo do aluno?
- Observando
- Perguntando
- Ouvindo
- Sendo interessado
- Criando uma relação de confiança
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